Indian Market, Durban

Como Umkomaas fica fora da área de atividade da Uber, para regressar a Durban apanhei boleia com um motorista que faz transfers entre a pequena vila e a grande cidade. O preço acordado (dito pela empresa com que fiz o mergulho de tubarões era de 450 rands (+- €25).

Quando chegaram, estava um senhor indiano a conduzir e atrás uma senhora branca e loira. Para mim isto seria irrelevante. Para eles não foi.

Conversa puxa conversa e a senhora é alemã. Fomos falando e perguntei-lhe há quanto tempo estava na África do Sul. Há vinte anos. São casados, conheceram-se numa Universidade de Londres e depois foram casar fugidos para a Alemanha. Para as suas histórias, que ele fosse indiano e ela branca, era fundamental: no tempo to Apartheid o casamento inter-racial era proibido. Viveram vinte anos na Alemanha à espera de poderem viver juntos na África do Sul, onde já levam vinte anos. Pelo meio, um filho engenheiro informático na Nova Zelândia e uma filha engenheira nuclear na Suíça. Orgulhosos, claro.

Falamos do que Durban tinha, as comparações com outras cidades e a história como ali chegou Vasco da Gama, no dia de Natal, dando origem ao nome da província KwaZulu-Natal. Disseram-me que Durban tem mais identidade, enquanto o Cabo é mais europeu (verdade). Eu disse-lhes que gostava de ir para o meio da cidade mas sabia que não podia ir sozinho de máquina fotográfica na mão e eles perguntaram-me se estava muito cansado ou se aceitava que me mostrassem o mercado indiano. Aceitei, claro.
O Indian Quarter é onde está a maior comunidade de indianos de Durban. E Durban é a cidade sul-africana com maior comunidade de indianos. Foram para Durban para trabalhar no tempo da colonização britânica e mais tarde, no tempo do Apartheid, ficaram restringidos àquela zona, que cresceu à imagem da sua cultura.
No Mercado Indiano parecia que, em cada loja, havia alguém que conhecia os meus cicerones. Lá dentro vendem-se especearias, roupa e artesanado, mas também acessórios para telemóveis e souvenirs, e nem tudo é da comunidade indiana. Hoje, felizmente, já não há zonas de acesso limitado em função da cor de pele.
Lá fora vende-se fruta e roupa, no outro lado está o mercado onde se vende carne e peixe.
Assumi que a visita guiada ficaria mais cara do que o valor que me tinham falado para transporte mas não foi coisa que me preocupasse pois de outra forma não teria ido ali, mas quando no final, pela primeira vez, perguntei ao motorista quanto era, respondeu que o preço dele eram 450 rands. Pela visita guiada não queria mais nada, pois só queria mostrar que a cidade não era tão perigosa e deixar melhor imagem junto de um turista. Dei-lhes mais um extra e quando desci no hotel estava o casal na esplanada a beber dois cappuccinos. Juntos. Onde e como não podiam no tempo em que tiveram que ir para a Alemanha.

Comentários