Crianças Pelo Mundo - Tses, Namíbia

Quem me conhece bem sabe como facilmente me perco e que o meu sentido de orientação está algo entre o "muito mau" e o "ridículo". Por isso é especialmente curioso que há um ano me tenha proposto a conduzir 875 km. Num dia. Foi na Namíbia, um dos países mais desérticos do mundo. Entre o Aeroporto Internacional de Windhoek e Lüdertiz.

Para conduzir na Namíbia, há 2 regras importantes. Primeira: não conduzir de noite porque é o período de maior atividade de animais selvagens, e por isso tinha cerca de 9 horas para fazer a distância. Apesar das paisagens lindas, não havia tempo a perder. Segunda regra: abastecer o carro sempre que possível, porque o posto de combustível seguinte pode estar a centenas de quilómetros.

Dado que a informação sobre postos de combustível é escassa, percorri no Google Maps todas as estradas por onde tencionava passar para tentar perceber onde poderiam estar. Tinha tudo apontado. Sabia onde estavam e quantos quilómetros os separavam. Tinha mais cábulas do que para um teste da universidade.

No primeiro dos postos, o depósito estava a 3/4. Tranquilo, segui. No seguinte ainda não estava a metade e por isso segui. No terceiro passei tão rápido que quando vi já não estive para voltar para trás. E para o quarto posto tinha que fazer um pequeno desvio mas já não podia adiar mais. Não dava para chegar ao seguinte.

Desviei, segui as indicações do Google Maps (mapa guardado offline, porque internet era impossível) mas não via local nenhum para abastecer.

E agora?

Para minha sorte, havia vários grupos de crianças nas ruas, todos na mesma direção. Imagino que as aulas tivessem terminado e fossem em direção a casa. Abordei um grupo que me deu a primeira indicação. E conduzi até outro grupo, que abordei e me deu a indicação seguinte. E um terceiro.

Foram o meu GPS, muito mais simpático que a senhora do Google Maps. E foram também o primeiro motivo para tirar a máquina fotográfica do fundo da mala.

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