Amesterdão, entre canais e bicicletas: 1º Dia

Bicicletas, canais, tulipas, coffeeshops, animação noturna, Red Light District. Não faltam símbolos distintivos instalados na nossa mente sobre Holanda e em particular Amesterdão, uma das cidades mais visitadas da Europa. Também eu os tinha e os fui aguçando ao longo das últimas semanas, mas bastaram algumas horas para perceber que não há ideias nem pesquisas que nos ajudem a compreender Amesterdão sem lá estar.

Quando cheguei à estação Amsterdam Centraal eram 2h15 de sábado, sim madrugada de sexta-feira para sábado, e seria de prever que fosse direto para o hotel ou hostel para na manhã seguinte começar a explorar a cidade. Mas não há normalidade quando à tua espera estão dois amigos bartenders. E a exploração começou de imediato.

A primeira paragem deste roteiro alternativo foi o Porem, um bar speakeasy de muito boa qualidade. Próximo da estação central, uma boa dica de última paragem para quem vai deixar a cidade de noite, mas devido à reduzida capacidade que lhe dá um ambiente mais privado - e à elevada procura - convém fazer reserva, sobretudo nas noites de fim de semana.

Chegamos a casa às 5h00 da manhã, depois de pedalar por Amesterdão, duas bicicletas para carregar três tipos e uma mala para duas bicicletas - há palavras que descrevam as peripécias que foram.




Na manhã de sábado já estávamos equipados a rigor para explorar a cidade, que é como quem diz, com uma bicicleta para cada um e bem agasalhados.

Se posso dar algum conselho a quem pretenda visitar Amesterdão, esse é o primeiro: arranjem uma bicicleta. Noutras cidades, alugar uma bicicleta é sinal de turista. Ali, é envolver-se. A cidade tem o seu ritmo muito próprio, que não é de carro nem a pé mas o ritmo dos pedais, comum a quem está de passeio ou quem ali vive.

Pedalamos em direção ao centro e logo surgem os primeiros canais ladeados de pequenos prédios, os barcos de passeio, os tais símbolos da cidade. Não podia deixar de parar sobre as pontes, muitas transformadas em parques de bicicletas, para fotografar. Parece que a cada esquina surge um novo motivo de interesse.


Paramos para o primeiro café no Hofje van Wijs, uma loja/cafetaria/restaurante que oferece uma grande variedade de chás e cafés, de todo o mundo, para todos os gostos.

Seguimos viagem, uma viagem com muitas paragens. Era todo um ritual. Parar, acorrentar a bicicleta, tirar cachecol, tirar luvas, guardar tapa-orelhas, tirar máquina, tirar casaco, fotografar, guardar a máquina na mochila, vestir casaco, gola, luvas, tapa-orelhas, desacorrentar a bicicleta...

Estava apenas dez graus durante o dia, o que é bastante tolerável e sei que tive muita sorte com com o tempo nos dois dias de viagem, mas há um grande choque de temperatura sentida quando se vai em movimento. Com a deslocação do ar, todo o agasalho é pouco, mas quando se está parado, ao sol, é demais.

Seguia-se no roteiro uma excelente vista para a Amsterdam Centraal desde um enorme parque de bicicletas logo à sua frente. Há bicicletas paradas por toda a cidade e em muitos sítios linhas brancas que delimitam onde podem estar estacionadas e qual o espaço que tem que ficar livres destinado a peões, mas este parque impressiona pela sua dimensão... e apenas no piso superior ainda havia vagas.

Na Dam Square encontramos mais uma multidão, como de resto em todo o centro de Amesterdão ao longo dos dois dias. Dias tão luminosos não são frequentes nesta altura do ano e além dos muitos turistas também os residentes aproveitaram para passear ao ar livre. Muitos escolheram esta que é a maior praça da cidade, onde está o Palácio Real, a Nieuwe Kerk (igreja nova), muito comércio e animação de rua.

Depois de toda a manhã e meia tarde com o meu puto Wilson, bartender no Waldorf Astoria de Amesterdão, excelente guia e melhor amigo, a partir das 16h00 fiquei por minha conta junto ao Bloemenmarkt, o mercado das flores flutuante.

Estando lá dentro, é imperceptível que está sobre a água, mas desperta a atenção a imensidão de cores das suas flores, outro dos símbolos do país.

Caminhando e sem esperar encontrei um ponto de interesse bastante particular, para quem como eu gosta de ciclismo e o que lhe está associado.. Em poucas palavras a Rapha parece apenas uma marca de equipamentos de ciclismo, mas é mais que isso. Patrocinando uma das melhores equipas do mundo conseguiu uma grande visibilidade e com preços bastante elevados posicionou-se como um clube de acesso restrito, que junta nas suas lojas peças que têm tanto de simples quanto bonitas, num estilo mais tradicional, com a cafetaria.

Não faltou tema para uma boa conversa (um dos empregados tinha estado no Algarve semanas antes), uma visita guiada pela loja, a explicação das peças que lá estão expostas dignas de museu e ainda acabei por ficar para lanchar e ver o final de uma prova que estava a terminar.

Também sem que o procurasse, acabei por encontrar um dos cenários mais espetaculares deste fim de semana. Numa ruela como tantas outras, dei pelo sol a penetrar entre os prédios e tudo o que se via era uma imensidão de dourado e algumas silhuetas.

No domingo, noutro local, voltaria a deparar-me com a beleza do final do dia de Amesterdão. Se encontrar dois dias de céu limpo foi uma sorte, foi também pelo por-do-sol que proporcionaram.


A Damrak é uma das ruas mais movimentadas de Amesterdão, ligando a Dam Square com a Amsterdam Centraal, com mais uma multidão em trânsito, e o canal com o mesmo nome é um dos principais locais de partida para cruzeiros, mas a sua principal marca são as "casas dançantes", pequenos prédios (como todos os de Amesterdão) sobre o canal, com grandes janelas, todos desalinhados, como se estivessem em movimento.

Foi diante delas que vi as casas começarem a iluminar-se e o sol finalmente dar lugar à noite.

De tarde apenas tínhamos comprado qualquer coisa para comer no supermercado de modo a economizar tempo mas à noite queria aproveitar para comer qualquer coisa diferente. Rapidamente percebi que além de tempo tinha economizado uns bons euros.

O primeiro restaurante que vi tinha bom aspeto mas preços muito caros. Passei ao próximo, preços ainda mais caros. Corri uma e outra ruas (estava no centro) e parecia impossível jantar a menos de 30€. Quando desisti voltei ao primeiro, o Ali Ocakbasi, um restaurante turco. Entradas, prato principal e água, 35€. A comida não era soberba - ou era eu que não estava para aí virado, mas o mal não era deste restaurante. Era geral. Percebi que restaurantes em Amesterdão são realmente caros.

A última paragem do dia foi o The Vault Bar, no Waldorf Astoria, onde trabalham os meus amigos Wilson e Tiago, os melhores bartenders, pelo menos, da Holanda.

E toca a descansar que amanhã há mais.

Comentários

  1. Fantásticas estas fotografias de uma cidade que eu adoro.
    Um abraço e uma Santa e Feliz Páscoa.
    http://andarilharar.blogspot.pt/

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