Antuérpia: Centro Histórico

Noutros tempos Antuérpia foi uma das mais importantes cidades da Europa, a meio caminho entre o Sul e o Norte do continente, quando os transportes comerciais se faziam por mar, e desse tempo de riqueza ficou uma herança condicente, hoje envolta na modernidade da segunda maior cidade belga e da maior de Flandres.
A Bélgica francófona ficou para trás na minha viagem e deu lugar à Bélgica "holandesa" depois de cinquenta minutos de comboio que levam desde Bruxelas à Antwerpen Centraal, logo um dos maiores cartões de visita da cidade. E não é porque seja a mais frequente porta de entrada em Antuérpia, mas pela arquitetura e a luxuosa decoração com os seus vinte tons de mármore que a levam a integrar todas as listas de estações de comboio do mundo quando o critério é a beleza.
Quando cheguei a Antuérpia as ruas ainda estavam molhadas, sinal de que tinha acabado de evitar a chuva, tal como nos dois dias em Bruxelas, mas a grande partida estava preparada para a manhã seguinte.

Saí da casa onde estava alojado em direção ao norte da cidade, a nova área em voga de Antuérpia, pronto para uma boa caminhada debaixo de céu nublado. Pouco depois começou a pingar, mas estando na Bélgica e no começo da Primavera não podia reclamar da minha sorte se ao final do terceiro dia apanhasse alguma chuva e pensei que já logo pararia. Continuei em direção a Norte e a chuva foi aumentando. Se isso não era estranho, o mesmo não posso dizer do comércio - tudo estava fechadas. Achei que fosse pela hora e já de corta-vento e capuz mas de calças e sapatilhas bem húmidas, continuei a caminhar com uma ligeira frustração, sem saber se voltava para trás ou comprava um guarda-chuva. Mas onde? Estava tudo fechado.

Duas senhoras passaram por fim e falavam português. Fui falar com elas. Não por falarem português, não porque eu não pudesse perguntar em inglês, mas porque eram as únicas pessoas que via na rua. Eram Testemunhas de Jeová e queriam entregar uns panfletos. Eu só queria um guarda-chuva. Disseram que não me podiam dar o delas e eu expliquei que não era isso que queria, apenas queria saber onde podia comprar um. Disseram que tudo estava fechado porque era feriado. Ah! Eu não fazia ideia, mas a segunda-feira depois de Páscoa é feriado na Bélgica e parece que noutros países também. Caminhei mais um pouco até me dar momentaneamente por vencido e voltar a casa.
Ao meio dia voltei a sair de casa, já sem chuva. Ainda voltou a cair água, mas pouco, muito pouco e com o passar do tempo o céu abriu, como se pode perceber pelas fotos anteriores.

O cinzento virou azul e se o Centro Histórico de Antuérpia já conquistava pela sua fascinante arquitetura, os seus estreitos prédios de fachadas típicas, igrejas (as maiores e as menores) e respetivas torres, então ainda mais encantador se torna quando o céu se coloca azul. E que lindos dias me tocou!

Grote Markt

Grote Markt (Grande Praça) de Antuérpia está no coração do centro histórico, a uma curta distância do rio Escalda, da Catedral de Nossa Senhora e do Meir, a zona comercial, tornando-se um natural ponto de convergência, até porque os demais pontos de interesse da cidade estão distribuídos pelas áreas Zuid (literalmente "sul") e Eilandje (A Ilha, no norte).

Por onde quer que se olhe, a Grote Markt é o centro e todos os caminhos parecem ir lá ter. Ou à estação. Mas se por acaso o caminho der com a Antwerpen Centraal antes da Grote Markt, é melhor rever o GPS porque algo está errado e certamente não se quer ir já embora.

O edifício maior da Grote Markt é o Stadhuis, os paços do concelho, um edifício renascentista do século XVI, Património da Humanidade da UNESCO integrado nos Campanários da Bélgica e de França. À sua frente está a Fonte de Brabo.

Diz a lenda que, muito antes de Antuérpia ser o que é, um gigante de nome Druon Antigoon cobrava dinheiro a quem pretendesse atravessar o rio Escalda, e a quem recusasse ou não pudesse pagar, ele cortava uma mão e atirava ao rio. Isso terá acontecido até que o soldado romano Silviu Brabo ousou afronta-lo, cortou a sua mão e libertou o Escalda. Daí vem o nome Antwerpen, que em holandês antigo significaria algo como "mão atirada".



Onze-Lieve-Vrouwekathedraal (Catedral de Nossa Senhora)

Rapidamente nos salta à vista a emblemática Belfort (torre do relógio) com os seus 123 metros de altura, e caminhando até ela chegamos facilmente à Onze-Lieve-Vrouwekathedraal, junto à Grote Markt.

A catedral é um dos edifícios mais emblemáticos de Antuérpia, se não mesmo o mais, e a sua visita (€4 para estudantes, €6 público geral) é altamente recomendada.

As várias fases da sua construção, iniciada em 1352 e prolongada ao longo de vários séculos, estão explicadas logo à entrada da catedral. E se arquitetura exterior é exuberante, não se pode dizer menos do seu interior e da coleção de arte sacra que alberga esta que em tempos foi a maior catedral do Reino dos Países Baixos.


Entre a França e a Holanda, graças à sua riqueza arquitetónica, história e cultural, Antuérpia é uma excelente sugestão para uma visita.

Comentários

  1. Gostei de fazer esta bela viagem através das fotografias do meu amigo.
    Um abraço e bom fim de semana.

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  2. Vim para conhecer e gostei! Vou seguir para não perder de vista :)
    Beijo.
    Tita

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  3. Adorei acompanhar esta viagem!

    r: Muito obrigada :)

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  4. Adorei ler, já deu para tirar algumas notas sobre o que visitar. Eu não fiz muita pesquisa para Antuérpia e Gent, mas são cidades bem pequeninas e é fácil de nos orientarmos por lá, certo? Não conhecia a lenda da cidade, é bem curiosa :)

    Aonde (não) estou

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