A Robben Island, onde esteve preso Nelson Mandela


Continuando a explorar a Cidade do Cabo e os seus arredores, um dos locais de maior interesse histórico é a Robben Island, onde esteve Nelson Mandela por 18 dos 27 anos que passou preso.

A Robben Island é uma ilha com 3,3 km de comprimento (norte-sul) e 1,9 km de largura (este-oeste), a norte da Cidade do Cabo, que pode ser vista desde a Lion's Head ou a Table Mountain. A visita à ilha é feita através de barco, num dos tours organizados pelo Robben Island Museum, com partida às 9h00, 11h00 ou 13h00, desde o Victoria & Albert Waterfront (no período de verão é adicionado um tour ás 15h00).
A viagem desde o Waterfront até Robben Island demora cerca de meia hora, após a qual os passageiros se dividem por vários autocarros que os levarão em redor da ilha numa visita de aproximadamente três horas, acompanhados durante toda ela por um guia (e no meu autocarro calhou um dos mais divertidos guias que já tive) ao qual se junta um ex-prisioneiro aquando da passagem pelo edifício principal.

Em Robben Island começou a desenhar-se parte daquilo que é hoje a África do Sul - lá estiveram presos três dos quatro presidentes que o país teve no pós-Apartheid.

Na foto de cima está o espaço onde os prisioneiros eram submetidos a trabalhos forçados e a gruta onde se podiam reunir. Uma vez que as conversas estavam proibidas durante o período de trabalhos, foi naquela gruta, único local fora de alcance dos postos de controlo, que vários prisioneiros se encontravam para trocar ideias e planear ao futuro, pelo que a gruta é de certa forma vista como o primeiro parlamento da África do Sul livre. Era também o local utilizado para satisfazer as necessidades fisiológicas, podendo-se imaginar o cheiro no qual se davam as "reuniões".
Passamos pelas várias seções onde estiveram os prisioneiros, as suas celas individuais, as suas histórias contadas em muitas delas, as igrejas católicas, o local de culto para os muçulmanos, a escola primária, a enfermaria e as cartas guardadas.

Após uma paragem na cafetaria, a segunda parte da visita é guiada por um ex-prisioneiro.
Durante os relatos, de quem passou lá os seus piores dias, a atenção não se pode dispersar por algo que não sejam as suas palavras. Conta-nos que um dos seus melhores amigos foi um dos cozinheiros, que apesar de trabalhar para o mesmo Governo que o prendia, era um homem bom. Depois de saber que havia muito tempo o prisioneiro não recebia respostas da sua família e que estas estavam a ser censuradas, disponibilizou a fazer de intermediário. Era ele, o cozinheiro, que enviava e recebia as cartas para a sua família.

Já depois de terminada a visita, num grupo mais pequeno, contou como foi acolhido no Botswana após a libertação. E quando lhe perguntaram o que podiam fazer para o ajudar, pediu armas para regressar ao seu país e "mata-los a todos". Foi difícil, antes de mais, estar em paz interior depois de tudo o que passou.

Concluída a visita ao museu, percorremos a pé o caminho até à porta de entrada, neste caso de saída. E apanhamos o barco de regresso ao Waterfront, na Cidade do Cabo. Daí, fui ver a cidade desde as alturas. Mas isso será para mostrar noutro dia.

Site do museu: www.robben-island.org.za
Informação sobre as visitas: www.robben-island.org.za/tours#visitorinfo

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