Road Trip Namíbia (III): a entrar no deserto

Depois de Aus, estava na hora de entrar nas estradas de gravilha e seguir rumo ao deserto, na jornada que por dois (meios) dias me levaria até às enormes dunas ocre do Deserto do Namibe e seus encantos.
As estradas são de gravilha, mas mais uma vez o cuidado colocado é notório. São estradas largas, com a largura suficiente para quatro faixas, ainda que nelas a condução seja quase ao centro, procurando aproveitar os trilhos melhor marcados por quem passou antes. O limite de velocidade é de 80 km/h, mas muitas vezes facilmente se conduz a 100 km/h, mesmo com um sedan como o meu Toyota Corolla. Especial atenção merecem alguns setores com mais areia e as curvas que, devido à menor aderência da gravilha, obrigam a uma maior redução de velocidade. É importante perante tantas facilidades não se deixar iludir.

Se as estradas convidam a aumentar o ritmo, todo o cenário envolvente convida a parar. Ora nas longas retas que atravessam as planícies, ora por entre montanhas. Parar, apreciar o redor, respirar, fotografar.
No segundo dia de viagem, depois de visitar a aldeia fantasma de Kolmanskop, segui até Duwisib Guestfarm, local de um sui generis castelo com o mesmo nome, mandado construir por um alemão que morreu na Primeira Guerra Mundial sem nunca o ter habitado e hoje propriedade do Estado da Namíbia. Na quinta estava apenas eu, um casal sul-africano com o filho (que viajavam em sentido contrário), uma funcionária que alternava entre a quinta e o camping anexo e o dono que nos acompanhou ao jantar e no pequeno-almoço seguinte, explicando-nos que as estradas eram arranjadas a cada três semanas e, mesmo que parecessem desertas, os (poucos) habitantes locais sentiam um grande aumento de tráfego nos últimos anos.

Já localizado no Sul do Namibe, os efeitos do deserto faziam-se sentir na Duwisib Guestfarm. Os recursos têm que ser geridos com maior cuidado para evitar desperdícios e não há lugar para buffets alargados. Isolado, o local seria ideal para fotografar o céu estrelado se não fosse noite de lua cheia. Ficaram algumas experiências sem grande sucesso.
Na manhã seguinte fui rumo a Sesriem, a aldeia que serve de porta de entrada às atrações do deserto e consequentemente alberga alojamentos, restaurantes, cafés e estações de combustível.

Pelo meio, a indicação: entrada na Reserva Natural NamibRand. Sem vedações. Se no restante percurso havia sempre vedações de ambos os lados da estrada, nas reservas não e não demoraria muito para perceber porquê, quando, ainda ao longe, avistei vultos na estrada - trânsito selvagem. Aproximei-me e lá estavam: órix. Essa beleza, o antílope do deserto com os seus longos cornos. E juntas, algumas zebras. Mais uma agradável surpresa. E já estava quase no centro do Namibe.
O GPS não enganava e nalgumas zonas já se via a cor ocre ao fundo: estava quase nas dunas!

Comentários

  1. Que paisagens incríveis! África está na minha lista de desejos há demasiado tempo, preciso de lá ir... Desde que me conheço que tenho uma enorme vontade de conhecer os países africanos, é bem provável que numa outra vida tenha nascido por lá :P Ainda não se proporcionou, mas sei que irei! As fotografias estão mesmo maravilhosas, e essas estradas são tão convidativas... Deve ser extraordinário ter a oportunidade de ver esses animais tão de perto.


    Mundo Indefinido

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo, Catarina! Há poucas coisas melhores do que ver estes bichinhos :)

      Obrigado!

      Eliminar

Enviar um comentário