Skopje: O início da minha viagem pelos Balcãs
Porquê Skopje e porquê a Macedónia? Foram talvez a cidade e o país que
visitei de forma mais aleatória até hoje, ou talvez os tenha visitado pelo
melhor motivo: simplesmente pela viagem.
O meu objetivo era viajar, olhei
para o mapa da Europa e procurei delinear um trajeto onde pudesse, em duas ou
três semanas, de mochila às costas, colecionar um bom número de histórias e
experiências. A região escolhida foi os Balcãs,
para onde são escassas as ligações aéreas com Portugal. Zagreb foi a ponta fácil de achar, mas faltava a outra. Procurando
aeroportos, cheguei a Skopje. Três
semanas desde Skopje até Zagreb parecia um bom plano e foi isso que
inicialmente me levou à capital da Macedónia. Ainda que não fizesse ideia do
que visitar na cidade nem no país.
Um país que nem se chama
Macedónia. Chama-se Antiga República
Jugoslava da Macedónia (Former Yugoslav Republic of Macedonia, FYRM, no
inglês). Independente da Jugoslávia apenas desde 1991, a Grécia só aprovou a
entrada deste pequeno país na ONU com o nome provisório mencionado, pois
Macedónia é o nome de uma região fronteiriça grega, que se declara sucessora do
antigo Reino da Macedónia. E ainda que pareça irrelevante, isso ajuda-nos a
começar a conhecer a História, e a História ajuda-nos a compreender o presente.
A história de uma região cheia de conflitos e disputas, um emaranhado de povos,
culturas e tensões.
De agora em diante, por
“Macedónia”, entenda-se que me refiro unicamente ao país.
A Macedónia é um país pobre, ainda que o centro de Skopje (pronuncia-se
“Scópia”) o tente ocultar. As margens do Rio
Vardar são ocupadas por imponentes edifícios, o estilo é neoclássico, mas a
construção é deste século. O objetivo foi dar uma aparência mais clássica e um
maior orgulho nacional, numa cidade em grande parte destruída pelo terramoto de
1963. Ou o verdadeiro objetivo foi propaganda e os gastos foram despropositados
num país que tem outras carências mais urgentes, apontam os críticos.
Este centro de Skopje está
repleto de estátuas. Apesar do destino ser muito pouco turístico, ao longo das
próximas semanas, quando falo de Skopje com outros viajantes, são muitos os que
mencionam as suas estátuas. É, de facto, desconcertante. Torna-se impossível
não dar, pelo menos alguma, razão aos críticos do projeto Skopje 2014.
A arquitetura dos novos
edifícios agrada-me quando a encontro, ao nascer do dia, bem como o prazer de
ter a cidade (quase) só para mim, mas o que me conquistou em Skopje foi o
centro histórico, o Old Bazaar. Foi
afetado por terramotos, foi afetados nas duas grandes guerras mundiais, foi
alvo de reconstruções, mas parece ainda não ter sido demasiado afetado pela
praga dos souvenirs comerciais. Cada vez mais os centros históricos estão
repletos de souvenirs iguais, onde só muda o nome da cidade e a figura que
junto se apresenta, e toldos de restaurantes patrocinados pelas mesmas marcas.
Cada vez mais os centros históricos estão descaracterizados, mas o de Skopje
foi uma exceção.
Este Old Bazaar tem mais gentes
locais do que turistas, mais comida tradicional do que fast food e mais gente
hospitaleira do que sanguessugas-de-turistas. Noutras zonas da cidade também há edifícios em tijolo, inacabados mas habitados - fazem parte de um jovem país e do seu duro percurso.
Muitos se surpreendiam quando eu
dizia que gostei de Skopje e da Macedónia. Eu surpreendi-me quando me diziam o
contrário. Mas tudo depende do que se procura. Quem procura o mar quente da
Croácia não o vai encontrar na Macedónia. Eu só procurava viajar, e foi o que
me levou a começar o dia diante de Alexandre,
o Grande, na Praça da Macedónia.
O que visitar em Skopje
Além do Mercado Antigo (Old Bazaar), e de um passeio junto ao
rio Vardar, Skopje tem o Forte (originalmente,
Kale) e um vasto leque de museus neste seu renovado centro: Museu
Arqueológico da Macedónia, Museu da Cidade de Skopje, Museu de Arte
Contemporânea e Museu da Luta Macedónia. Acabei por passar mais tempo a
percorrer ruas antigas e a entrar em mesquitas do que nesses museus. As
mesquitas principais são a Mesquita
Mustafa Pasha e a Mesquita Sultão
Murat.
A cerca de 30 minutos de viagem
de autocarro é possível visitar o Cânion Matka (Matka Canyon em inglês), o que definitivamente recomendo. Apesar do dia nublado que
encontrei, é de uma enorme beleza.
Informação para turista
Skopje é uma cidade barata.
Porém, como a oferta turística não é muita, os hotéis melhor equipados poderão
ter preços inflacionados. Sobre isso não posso falar, mas na generalidade, vão
poder almoçar e jantar bem entre os €5-€8, mesmo nas zonas mais turísticas.
Parece que em breve República da macedónia do Norte. :) Estás em direito do referendo ou já andaste por aí há alguns dias atrás? Boas viagens.
ResponderEliminarEstive no início de setembro.
EliminarBoas viagens!