Bruxelas: no centro político da Europa


Bruxelas é a capital política da Europa e a maior parte das vezes que ouvimos falar dela é por razões de política internacional. Lá está localizado o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e demais órgãos da União Europeia e após um primeiro dia mais dedicado às zonas históricas, o meu segundo na cidade foi dedicado à área mais moderna da cidade.

Na verdade, apesar do Parlamento Europeu ser um dos pontos de maior interesse em Bruxelas, a sua sede oficial é na cidade francesa de Estrasburgo. Estranho, não? Mas é. O Parlamento está oficialmente em Estrasburgo e lá se realizam doze sessões plenárias e votações, mas não estranhe que tantas vezes ouça falar nas reuniões de Bruxelas, pois a maioria dos trabalhos dos deputados acontece na capital belga, obrigando a um enorme tráfego entre as duas cidades, muito criticado pelo desperdício de dinheiro que representa para todos os europeus.

É no Espace Léopold que se situam os edifícios da União Europeia. Esta é uma área moderna na arquitetura e nos serviços, menos turística e mais voltada para a esfera política e empresarial, não sendo de estranhar a acalmia vivida num domingo.

À parte de alguns (poucos) turistas em redor do Parlamento, em toda a área do "Quartier Européen" havia muito pouco movimento e pouca gente se via nas ruas, pois os residentes de Bruxelas preferem aproveitar o fim de semana para passear no centro histórico, uma área muito mais atrativa.

O local está decorado pelas bandeiras que nos lembram que aquele é um espaço de todos nós mas também por uma mostra de fotografias alusivas à história e ao presente da União, e entre estas a que mais me saltou à vista foi a de Malala, Prémio Nóbel da Paz. Malala não é europeia, mas é de União que se trata e a adolescente paquistanesa é disso um símbolo. Além de que já foi Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pela UE.
Passando pelo Parc Leópold segui para o maior parque da cidade, o Parc du Cinquantenaire, onde estava o cenário mais tranquilizante de Bruxelas.
Toda a cidade estava por estes dias debaixo de fortes medidas de segurança e, mais do que polícia, havia militares por toda a parte, de metralhadores em punho. Os seus veículos estavam espalhados por toda a cidade nos sítios mais visíveis precisamente para dar essa imagem de segurança (nunca senti insegurança durante os dez dias que estive na Bélgica), os locais de maior concentração de população e os edifícios com simbolismo político estavam todos controlados, a entrada nas imediações do aeroporto estava controlado por cartão de identidade, só entrava no aeroporto quem tivesse bilhete, mochilas eram proibidas em museus e inclusive vi malas de maiores dimensões a serem revistadas no metro.
Mas quando cheguei ao Parc du Cinquantenaire apenas vi um grupo de jovens a jogar futebol com duas balizas feitas por paus espetados na relva. Apenas isso, tão simples. Um cenário belíssimo, no parque verde, com a cúpula dos Musees Royaux d'Art et d'Histoire em plano de fundo. Levando a vida com normalidade. Pareceu-me a melhor resposta a quem nos quer impor o medo.

No centro do Parc du Cinquantenaire está o arco do triunfo que celebra a independência da Bélgica (até 1830 pertenceu ao reino dos Países Baixos), onde além da bandeira no arco central, é possível ver a representação da bandeira a ser transportada na quadriga de bronze que está no topo.

Um dos marcos que ficou do tempo em que a Bélgica e a Holanda estavam unidas é a língua. Ou, pelo menos, algo.

Dica - línguas na Bélgica: existem três línguas oficiais na Bélgica: francês, holandês e alemão. Todas são oficiais e aceites em todo o país, mas o holandês é utilizado como língua principal no norte (região de Flandres) e o francês é utilizado como língua oficial no sul (região da Valónia). Já o alemão é utilizado como língua principal apenas numa pequena área junto à fronteira com a Alemanha, área essa que foi entregue aos belgas após a Primeira Guerra Mundial mas onde os locais mantiveram a sua língua.
Bruxelas é, na teoria, uma região bilingue, uma teoria que serve para agradar aos flamengos, pois muitos querem a independência. No entanto, na prática, é o francês que se faz ouvir nas ruas.

Quando dei por terminada a visita à área mais moderna da cidade, estava justamente na hora de regressar ao hotel para fazer checkout, que no domingo era permitido até ás 15h00 (e tinha sala para deixar as malas depois dessa hora, claro)

Dica - onde ficar em Bruxelas: Fiquei no NH Brussels City Center e só tenho a dizer bem do hotel. Está muito próximo da estação de metro Louise, uma das principais da cidade, e da Boulevard de Waterloo, uma das mais luxuosas avenidas da cidade, onde estão lojas como a Versace, Burberry, Karl Lagerfeld, Ermenegildo Zegna e outras que não se encontram propriamente em qualquer local.
O quarto era muito quente e isso, na Bélgica, é um grande elogio. A cama muito confortável, a casa de banho bem equipada e tudo estava impecavelmente limpo, arrumado e cuidado.
Só posso recomendar.
Após o checkout, senti que tinha visto tudo o que iria ver na cidade. Faltava o Atomium mas não achei que valesse a pena deslocar-me propositadamente de metro apenas para o ver, por isso optei por rever alguns dos locais que tinha visitado na noite anterior, mas agora à luz do dia. Voltei assim a percorrer as estradas até à Grand Place, que estava até bastante calma para um domingo, ao Manneken Pis e à Jeanneke Pis.
Satisfeito, estava pronto para apanhar o comboio na estação Bruxelles Central e partir para Antuérpia, com a certeza de que a próxima cidade, de enorme importância no início da idade moderna, seria ainda melhor. Ficará para contar em breve

Comentários

  1. Gostei de passear através das suas magnificas fotografias.
    Um abraço e bom fim de semana.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário