Sarajevo: encontro de culturas


Visitar Sarajevo nem estava nos meus planos iniciais, mas depois de Mostar não poderia deixar de o fazer.

A diversidade cultural e a riqueza histórica que encontrei em Mostar fez-me querer ver e conhecer mais da Bósnia-Herzegovina, e em vez de retomar para a beleza da Croácia, praias e ilhas do Adriático, decidi ir mais para o interior, rumo a Sarajevo, a capital do país. E quando dei conta, já estava a colocar em causa se depois iria mesmo para a Croácia ou mudava por completo a minha rota para o interior, nomeadamente para a Sérvia.

Sarajevo é apelidada de Jerusalém dos Balcãs e não é difícil de se compreender quando nos vemos envoltos de mesquitas, igrejas católicas, igrejas ortodoxas e sinagogas. Mas mais do que isso, as ruas estão cheias de pessoas com os seus mais diversos credos sem qualquer divisão que eu conseguisse dar conta.

Li, algures, que Sarajevo tem uma elevada percentagem de casais de diferentes religiões. Não sei se é verdade, mas em muitos casos o lenço a tapar a cabeça é o único sinal que permite identificar a mulher muçulmana, ficando sem saber qual a religião do seu marido. Também por várias vezes me cruzei com mulheres, adolescentes ou adultas, de cabelo tapado e ao lado a amiga toda arranjada e maquilhada, pronta para a festa de sexta-feira à noite.

No Old Bazaar de Sarajevo, fiquei completamente maravilhado com toda esta multiculturalidade, harmoniosa.

Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da sua pele, seu passado ou sua religião. As pessoas têm que aprender a odiar e se podem aprender a odiar, também podem ser ensinadas a amar. O amor vem mais naturalmente ao coração humano do que o aposto. Nelson Mandela.
E para a união de Sarajevo muito terá contribuído o sofrimento conjunto da Guerra Bósnia no início dos anos 90.

Sarajevo esteve cercada pelo exército Jugoslavo entre abril de 1992 e fevereiro de 1996, o cerco mais longo a uma capital na história moderna, com o resultado desses quase quatro anos visível nas fachadas de alguns edifícios que ainda não foram reconstruídos e no chão, onde nalguns casos os danos causados pelos morteiros foram preenchidos por resina vermelha e assim deram origem às Rosas de Sarajevo, homenagem às vítimas da guerra.

O que visitar em Sarajevo
Passei quase todo o meu tempo no centro histórico de Sarajevo, o Old Bazaar, grande parte desse tempo tentando captar com a minha câmara a já mencionada diversidade que me encantou, à qual não consegui fazer justiça. Mas de lá, destaco alguns locais.

A Mesquita Gazi Husrev-beg é a mais imponente do antigo Império Otomano nos Balcãs e tem o seu nome em homenagem a um dos maiores (ou o maior) benfeitores de Sarajevo, responsável pela construção de mesquitas, escolas, banhos públicos e outros edifícios que permanecem até aos dias de hoje. Por tudo isso tem também, junto à mesquita, o Museu Gazi-Husrev-beg dedicado à sua vida e obra.
Uma outra sugestão que não posso deixar de dar é a Galeria 11/07/1995. A Galeria que tem no nome a data do início do Massacre de Srebrenica (mais de oito mil mortes em onze dias) é uma mistura entre galeria de arte e museu, é privado e não se pode fotografar no interior, mas foi um dos locais que mais gostei de visitar, ainda que a carga emocional seja muito pesada.

Menção ainda para a Fonte Sebilj, um dos maiores símbolos da cidade, e a Ponte Latina, onde em 1914 foi assassinado o Arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro ao trono do Império Austro-Húngaro, levando ao início da Primeira Grande Guerra. Locais simples mas cheios de simbolismo.

Comentários

  1. Tenho imensa vontade de explorar essa zona, mas ainda não surgiu oportunidade. veremos o que o futuro próximo me reserva!

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