Deixado no Kosovo


Como cheguei a Pristina, a capital do mais jovem país da Europa.


Ao longo destas viagens pelos Balcãs e Leste da Europa, nos autocarros que levam entre um e outro local, um e outro país, uma e outra língua, frequentemente fui socorrido por alguém que falava a little bit de inglês. O episódio tende a repetir-se nestes moldes: um dos passageiros mais jovens percebe existir uma barreira entre mim e o pessoal da transportadora e oferece-se para ajudar na tradução.

Em países onde os turistas são raros, rapidamente salta à vista o único passageiro que tem uma mochila maior que todos os outros. E frequentemente há alguém que, além da vontade de ajudar e ser bom anfitrião, quer aproveitar a rara oportunidade para falar um pouco de inglês e ouvir alguém de fora. De onde venho, porque venho, o que vi e o que estou a achar do seu país ou da sua cidade.


Também foi assim na minha viagem entre Novi Pazar, uma pequena cidade no Sul da Sérvia, e Pristina, a capital do Kosovo, que ainda hoje a Sérvia considera parte do seu território. E ainda bem que tive alguém que traduzisse e me explicação a situação quando o autocarro em que seguíamos parou numa estação de serviço e me chamou. A viagem indicada era Novi Pazar-Pristina-Skopje, capital da Macedónia do Norte. Mas talvez eu fosse o único a descer ali. E em vez de me levar ao centro, o autocarro deixou-me apeado numa estação de serviço nos arredores com a indicação de que a cada 10 minutos passariam carrinhas para o centro da cidade.

E se eu já chamava a atenção antes, ainda mais agora, com duas mochilas e um gimbal para os meus vlogs, parado debaixo de um sol de 30º C.

Quando finalmente entrei na carrinha para o centro da cidade, éramos uns quinze numa carrinha de nove lugares. Mas cheguei ao centro.



Pristina é uma cidade com pouco para ver. Apesar de ser hoje a capital de um país independentemente, durante o último século foi maioritariamente uma cidade albanesa fechada em território sérvio. Kosovares e albaneses têm nacionalidades diferentes mas a maioria dos kosovares (nacionalidade) são albaneses (etnia), sobrando apenas uma pequena minoria composta por sérvios, bosníacos, entre outras etnias presentes no pequeno país independente desde 2008. Precisamente por isso, algo que tive que colocar na minha mente, foi que quando kosovares falavam de albaneses, estavam geralmente a falar da primeira pessoa do plural.

E isto explica que exista uma enorme quantidade de bandeiras albanesas nas ruas de Pristina, mas há ainda uma outra surpreendentemente frequente: a dos Estados Unidos da América. Com a NATO, estes foram os principais aliados do Exército de Libertação do Kosovo e da Albânia na Guerra do Kosovo, que entre 1998 e 99 enfrentaram as forças jugoslavas. E é também por isso que o então Presidente Bill Clinton tem direito a uma estátua numa das principais avenidas da cidade.


O que visitar em Pristina

O mais famoso edifício da cidade é a Biblioteca Nacional de Pristina, o bizarro edifício que pode ser visto logo na primeira fotografia desta crónica. Depois disso, na lista de locais a visitar coloco o Museu Etnológico, onde se conta um pouco da história da cidade e das suas gentes. E ainda a Catedral de Madre Teresa, inaugurada em 2010 e à torre da qual se pode subir para ver toda a cidade como aqui vos mostro.

E apesar do Kosovo ser um país maioritariamente muçulmano, não visitei o interior das mesquitas de Pristina. Porque no dia que tinha livre para o fazer era sexta-feira, o dia mais importante do Islão, e por respeito não entrei. Mas por exemplo a Mesquita Imperial data do século XV!



Tudo isto e mais, pode ser visto no vlog que filmei em Pristina. Que, surpreendentemente, é o segundo vídeo com mais visualizações no meu canal de Youtube.


Viagem feita em setembro de 2019.

Comentários

  1. Fantastic article, but if you go to Kosovo go first to Albania, much better, check https://digitalalbania.wordpress.com

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