Road Trip Namíbia (VI): a alegria de Swakopmund


Swakopmund! Toda a gente elogiava Swakopmund quando eu listava os locais no meu roteiro, e esta cidade na costa revelou-se um dos sítios mais alegres que já visitei.

Swakopmund está 30 quilómetros a norte de Walvis Bay, trinta quilómetros que se fazem junto ao mar, com alguns aldeamentos que parecem ser uma das zonas mais apetecíveis de viver na Namíbia. Mas antes de me ficar por Swakopmund, continuei viagem rumo à Skeleton Coast.

Costa dos Esqueletos tem o seu nome devido aos ossos de baleias e focas encontrados ao seu largo, mas o que mais faz ser falada são os escombros de navios. Afinal, aquela costa sempre foi um tormento, até ao Cabo agora da Boa Esperança. A tecnologia naval evoluiu mas nas últimas décadas ainda alguns barcos lá ficaram encalhados. E a sul de Walvis Bay é necessário um bom 4x4 e conhecimento da zona para os avistar, mas a norte de Swakopmund é relativamente fácil encontrar alguns shipwrecks.

Existem vários e mais a norte a reserva de focas no Cape Cross é um outro ponto de grande interesse, mas como eu iria voltar para Swakopmund, decidi ficar-me pelo primeiro barco naufragado, o Zeila, e voltar para a cidade. Parece que este velho navio pesqueiro tinha sido vendido como sucata e estava a ser transportado, quando se desprendeu do seu reboque e ali ficou, em agosto de 2008.
Ali junto estava cerca de uma vintena de mineiros a vender minerais. A cada carro que chega, dois aproximam-se e explicam este modelo de rotatividade, depois esperam que fotografemos em paz, sem nos chatear, e só depois de estarmos satisfeitos se voltam a aproximar para fazer negócio. Chega outro carro e aproximam-se outros dois. E ali passam horas e horas, longe de tudo…

Estes dois irmãos explicaram-me que os ossos estavam dispostos em forma humana mas eram todos eles de foca (como se vê pelo crânio). “Nós só os colocamos assim como atração para fotografarem”.

Mas vamos ao melhor: Swakopmund!

Como dito antes, eu tinha grandes expetativas sobre Walvis Bay e não sobre Swakopmund, mas toda a gente me falava da segunda e eu não percebia porquê. Afinal, o Google Maps localizava-a um pouco no interior. Mas só depois descobri que Swakopmund também é costeiro e é uma cidade muito vibrante!

Um dos problemas que vejo em África, ou pelo menos uma das coisas que não gosto de ver, é que os locais turísticos estão cheios de europeus e americanos mas quase nunca de africanos. Foi assim em Durban, na Cidade do Cabo, em Victoria Falls, no deserto do Namibe e acho uma pena que os africanos não consigam desfrutar das preciosidades que tenho visitado nos seus países. Mas quando cheguei à praia de Swakopmund o que mais havia eram crianças a brincar. E num parque infantil!
Haverá alegria mais pura e contagiante que a alegria da infância?
À semelhança de Lüderitz, também aqui se nota muito a influência colonial germânica na arquitetura e um pouco dessa história pode ser conhecida no Swakopmund Museum. É um museu modesto mas ainda assim interessante, sobretudo dedicado à história nacional e dos seus povos, mas também com a passagem dos descobridores portugueses, do colonialismo alemão e a governação sul-africana.

Outros pontos de interesse em Swakopmund são o farol, o Woermannhaus e o pontão, que visitei já com a o dia muito nublado.

Num mercado de rua causou-me estranheza que vários vendedores me abordassem com um hei, amigo!, assim mesmo, em português.  Até que me perguntaram se era brasileiro. És, não és? (já em inglês)Mais estranho ainda. Porque carga de água, tão longe de casa, alguém me identifica de um outro país, também ele tão longe, mas que fala a mesma língua? Pela forma como falas. Mas eu não tinha falado português! Pelo sotaque. E porque pareces. Ok, mistério desfeito. Mas ainda ia melhorar quando a seguir chega uma turista, precisamente brasileira. E ali, em Swakopmund, iniciamos uma tertúlia sobre as diferenças da língua portuguesa, eu defendendo que todos nos entendemos, ela defendendo que Portugal, Angola e Moçambique falam muito parecido mas no Brasil não.

E assim parti, na manhã seguinte, a perceber porque tanto me elogiavam Swakopmund. E levei comigo a imagem das crianças na praia.

Comentários

  1. Acho sempre curiosas as questões da língua portuguesa. Para mim, também todos nos entendemos! Mas alguns brasileiros dizem que têm dificuldade em compreender o nosso português, porque falamos muito rápido e mais "fechado". No fundo, eu acho que é uma questão de hábito. Eu confesso que gosto imenso das diferenças que existem na nossa língua, tanto a nível de vocabulário como de sotaque. Para mim, é uma das coisas que a torna uma língua tão rica e tão bonita.

    Vendo as tuas fotografias, também percebo o porquê de tanto elogio a Swakopmund. Parece um lugar bem especial.

    Mundo Indefinido

    ResponderEliminar

Enviar um comentário